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de estar em communicação com a fortaleza de Santa Cruz. E dessa exclusão aproveitou-se elle amplamente.

A resposta do meu predecessor á mencionada nota foi dada no dia seguinte (3 de outubro) e no dia 4 dirigirão-lhe os representantes outra que com razão vos causou alguma sorpreza, porque pareceu denunciar a mudança de resolução.

Esta nota foi entregue ao Sr. Pereira na noite do mesmo dia 4 pelos representantes da Inglaterra, Portugal, Italia e França. Nella, posto que ausente, estava mencionado o dos Estados Unidos da America.

Em resumo, dizião aquelles Senhores que os commandantes das forças navaes virão com admiração que nenhuma providencia se tinha dado no sentido da promessa do Governo Federal e que este ao contrario empregava-se activamente em augmentar as baterias existentes, e em construir outras e lhes pedião que interviessem junto do mesmo Governo afim de mandar retirar os canhões das baterias, sem o que poderião ver-se obrigados a retirar a intimação feita ao Sr. Mello.

Na sua resposta o meu predecessor, depois de resumir o que occorrera desde o dia 14 de setembro, dice:

«O Sr. Vice-Presidente da Republica, a quem communiquei sem << demora aquelle documento, foi penosamente sorprehendido pela « imputação que contém e pelo sentido que nelle se dá ás palavras — << enlever tout pretexte e a estas outras da minha resposta - ha de tirar ao dito Contra-Almirante todo pretexto.

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« Parece agora que na mente dos Srs. Representantes e Com«mandantes as primeiras palavras significavão retirar os canhões e que as outras forão por elles interpretadas como

<< das baterias

<<< annuencia.

«O Sr. Vice-Presidente da Republica não entendeu, nem podia « entender que era convidado a retirar os canhões, primeiro porque em "assumpto tão grave é indispensavel a maior clareza e depois porque « considerava subsistente o accordo que mencionei.

«Os Srs. Commandantes das forças navaes não estão bem infor"mados. As baterias existentes não foram augmentadas e nenhuma « outra foi construida.

«O Sr. Vice-Presidente da Republica não comprehende o motivo « de tão subita mudança em resoluções que parecião bem assentadas e « vê com pezár que essa mudança póde ser interpretada, contra a « vontade dos Srs. Commandantes e Representantes, como apoio moral « dado ao chefe da revolta, que assim quasi entra em posição de « belligerante. Todavia, deixando aos mesmos Senhores a responsabili«dade das consequencias do seu novo procedimento, vae ordenar que << os canhões sejão retirados das referidas baterias.>>

Tres dias depois deste incidente das baterias, a fortaleza de Villegaignon, que se tinha conservado neutral, adheriu á revolta e a sua adhesão veio mostrar que o armamento das alturas desta cidade era uma medida de bem entendida prudencia, um recurso legitimo que poderia ser opportunamente applicado. Si aquella fortaleza fizesse fogo para a cidade, não teria esta meio efficaz de defeza.

Mediante o obsequioso concurso de Sir Hugh Wyndham, Ministro de Sua Magestade Britannica e Decano do Corpo Diplomatico, ficou entendido que a dita fortaleza, desde que se declarava pela revolta, estava, como os navios desta, obrigada a se não servir dos seus canhões contra a cidade.

Villegagnon não tardou em crear-nos difficuldades com relação a esta capital.

Em consequencia de representação feita ao Sr. Dr. Carlos de Carvalho pelos Agentes Diplomaticos d'Inglaterra, Portugal, Italia, Estados Unidos da America e França em conferencia de 19 ainda do mez de outubro, declarou-lhes aquelle meu predecessor em nota da mesma data que o holophote estabelecido no morro da Gloria, sendo destinado ao serviço da policia do porto, não auxiliaria as fortalezas da barra contra a outra. Assim se procedeu, mas o nosso exemplo não foi seguido pela guarnição da fortaleza rebelde, como resulta do seguinte trecho de uma nota dirigida no dia 23 pelo Sr. Carlos de Carvalho a Sir Hugh Wyndham :

«No entretanto, em a noite de 20 para 21, sendo a luz lançada sobre parte da bahia, comprehendida entre a fortaleza de Santa Cruz e a <«< Boa Viagem, fez a fortaleza de Villegaignon fogo por tres vezes e « ainda poucos minutos depois, estando a luz voltada para a esquadra, « que achava-se no fundo da mesma bahia.

« Na mesma noite, pouco mais ou menos ás 9 horas, viu-se á luz do holophote perto da praia do Flamengo uma torpedeira que se « affastou rapidamente, sendo acompanhada pela mesma luz. Disparou então a fortaleza de Villegaignon tres tiros com canhão de tiro rapido. «Esses tiros forão acompanhados por descargas de metralhadora da « mesma lancha até á ponta do Arsenal de Guerra.

« A mesma torpedeira voltou ás 11 horas e, sendo percebida á luz « do holophote quando se achava na altura da praia de Santa Luzia, « fez fogo contra o morro da Gloria e o littoral. Ainda hontem foi « repetido por Villegagnon com vivissima intensidade o fogo de canhão «e metralhadora contra o mesmo morro da Gloria e o littoral. >>

A resposta, datada de 26, foi esta:

Os commandantes não julgavão possivel intervir de novo efficazmente em questões daquella natureza, e tinhão tido occasião de observar que a falta de cumprimento das convenções estabelecidas para se evitarem incidentes semelhantes dava-se da parte tanto da cidade, como dos insurgentes e era acto de subalternos, cuja repetição seria muito difficil impedir.

Não creio que fosse muito difficil chamar os insurgentes ao cumprimento do seu dever; mas o meu predecessor não pedira que se fizesse isso, limitara-se a levar o facto, por via diplomatica, ao conhecimento dos Srs. Commandantes, que pouco antes se havião mostrado empenhados em que o holophote da Gloria não auxiliasse as fortalezas da barra contra a de Villegagnon.

No dia 24, isto é, antes da resposta que acabo de resumir, communicárão os Srs. Representantes a este Ministerio, que, segundo informação dos respectivos Commandantes, estava o Governo fazendo preparar canhões no Arsenal de Marinha e project is no de Guerra. Na opinião dos mesmos Commandantes esses factos motivarião da parte dos insurgentes um ataque aos Arsenaes, cujas consequencias serião desastrosas para os bairros circumvisinhos e notavelmente para o Hospital da Misericordia, que continha 1400 a 1500 enfermos de todas as nacionalidades.

Isso era inexacto, como declarei no seguinte trecho da resposta que me coube dar no dia 27:

«O Sr. Presidente pensa que os direitos do Governo legal serião a singularmente limitados em proveito dos insurgentes, si os seus

« meios de defeza fossem successivamente considerados perigosos, « todavia S. E. autorisa-me a declarar aos Srs. Representantes que os « factos denunciados não existem; nenhum preparativo da natureza «< indicada se está fazendo nos dous Arsenaes. >>

Já em conferencia verbal desse mesmo dia havia eu dito aos Representantes da Inglaterra, França, Italia e de Portugal, que compareceu depois, que a minha entrada para o Ministerio não alterava a situação, pois que no actual regimen cabe ao Presidente da Republica a direcção politica; que o Governo continuaria a manter os seus canhões fóra das baterias (salvo o caso de extrema provocação); que não era exacto que se fabricassem canhões e se preparassem projectis nos dous Arsenaes; e finalmente que os insurgentes, desesperando da victoria, assim que se vissem perdidos, violarião completamente os compromissos tomados para com as forças navaes estrangeiras.

Os Representantes estrangeiros, referindo-se em nota de 16 de novembro a uma conferencia que eu tivera no dia 8 com o Sr. Decano do Corpo Diplomatico, dicerão-me que os Commandantes superiores das respectivas Forças Navaes, examinadas as queixas que eu fizera na dita conferencia, erão de opinião que o fogo, feito para a cidade pela fortaleza de Villegagnon e pelo Aquidaban, era provocado pela incessante fuzilaria de tropas inexperientes estacionadas no littoral e que, á vista disso, não seria a proposito lembrar ao Sr. Mello o cumprimento do que promettera.

Eu não tinha sido bem comprehendido. O objecto da conferencia não fora, nem podia ser, a apresentação de queixas, contra o procedimento dos revoltosos, mas somente fazer constar que elles continuavão para a cidade indefesa, apezar do compromisso existente.

atirar

Era exacto que de terra se tinha feito fogo de fuzilaria, porém sempre com razão. Não se podia, por exemplo, pretender que as forças, que guarnecião o littoral, ficassem impassiveis quando lanchas dos revoltosos dellas se approximavão de modo provocador. Repellil-as a bala era direito de defeza que o Governo Federal não tinha renunciado e não renunciaria.

Nesse sentido respondi á referida nota.

Em conferencia de 14 de dezembro o Ministro de Sua Magestade Britannica leu-me uma carta em que o seu compatriota Charles E. Akers

pedia que lhe obtivesse autorisação do Governo para soccorrer os enfermos e feridos das forças revoltadas e trabalhar em geral para esse fim sob a protecção da bandeira da Cruz Vermelha. Pedia mais um salvo-conducto nas seguintes condições:

1a Permissão de dirigir-se a qualquer hora do dia ou da noite ao hospital da ilha das Enxadas em lancha a vapor ou embarcação desarmada, de que pudesse dispor, trazendo a mesma lancha ou embarcação, durante o dia a bandeira da Cruz Vermelha e durante a noite pharoes distinctivos;

2 Permissão de levar livremente medicamentos e utensis apropriados ao uso dos doentes e feridos que se achassem no mesmo hospital.

3a Permissão de dirigir-se a qualquer localidade e a bordo de qualquer navio com o unico fim de recolher feridos e enfermos.

Dizia mais o Sr. Akers:

<< Dou a minha palavra de honra de não abusar, de nenhum modo, << das immunidades que me forem concedidas e de não auxiliar o partido << revolucionario com a transmissão de noticias ou de outra qualquer << maneira, e bem assim de que o unico fim que tenho em vista, querendo <«< tomar a mim esta tarefa, é alliviar, tanto quanto possivel a situação << desses infelizes feridos. >>

Esse pedido foi apoiado pelo Ministro Inglez em carta da mesma data com a qual me remetteu traducção da precedente.

Não obstante essa valiosa recommendação julgastes do vosso dever não annuir ao pedido do Sr. Akers, por ser desnecessario o seu concurso para o tratamento dos revoltosos feridos. De conformidade com as vossas instrucções respondi que os hospitaes, montados pelo Governo nas melhores condições, bastavão para seus militares feridos e para os revoltosos e que estes serião recebidos e tratados em perfeita igualdade com os outros. O Governo não podia permittir o estabelecimento de hospital sob a protecção da Cruz Vermelha, porque esta entre nós não era mais que uma associação com intuitos de exploração politica.

Seguindo a ordem chronologica, devo mencionar aqui as duas resoluções communicadas ao Decano do Corpo Diplomatico em 16 de dezembro.

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